Uma pesquisa do Instituto DataSenado mostra que homens até 39 anos com ensino médio dominam o uso de aplicativos de apostas online esportivas no Brasil. O estudo “Panorama Político 2024” revela que 13% da população, equivalente a 22 milhões de pessoas, algum tipo de aposta nos últimos 30 dias. A análise foi divulgada na última terça-feira (1º). O estudo aponta que: Em termos de escolaridade, 40% dos entrevistados têm ensino médio completo. Outros 23% possuem ensino fundamental incompleto. Mas somente 20% têm ensino superior incompleto ou acima disso. No entanto, do ponto de vista econômico, 68% dos apostadores têm atividade remunerada, enquanto 27% estão fora da força de trabalho e 5% se consideram desempregados. A maioria, 52%, recebe até dois salários mínimos por mês. Além disso, 35% ganham entre dois e seis salários, enquanto 13% têm uma remuneração superior a seis mínimos. Quando questionados sobre gastos, a maior parte dos apostadores declarou ter investido até R$ 500 em aplicativos e sites de apostas. Apenas 3% relataram ter gasto montantes maiores. De acordo com a pesquisa, em média, 12% dos brasileiros fizeram apostas esportivas nos últimos 30 dias. Essa taxa é similar em quase todas as regiões. No entanto, Roraima e Pará superaram a média, com 17% de apostadores. Por outro lado, o Ceará apresentou a menor taxa, com apenas 8%. José Henrique Varanda, coordenador da pesquisa, enfatiza que o Panorama Político investiga temas que estão sendo debatidos pelo Congresso Nacional. De acordo com ele, o impacto das apostas esportivas é uma preocupação atual entre os parlamentares. “Além de mostrar que quase 13% da população fez apostas esportivas nos últimos 30 dias, a pesquisa revela características da população apostadora. Ou seja, observa-se uma maior proporção de homens, jovens apostando mais e idosos menos”. “Pessoas com ensino médio completo apostam mais, enquanto os extremos, com menor e maior escolaridade, apostam menos. Sobre a renda, pessoas de baixa renda apostam menos proporcionalmente, mas ainda assim representam a maior parte dos apostadores.” – explica. A pesquisa do DataSenado também indica que 58% dos apostadores afirmam ter dívidas em atraso há mais de 90 dias. Os dados foram coletados entre 5 e 28 de junho, envolvendo 21.808 entrevistas. O “Panorama Político” é um estudo realizado desde 2008, que busca compreender a opinião dos brasileiros e indicar prioridades para a atuação parlamentar em temas relevantes. Desde a aprovação da MP 846/2018, que se tornou a Lei 13.756, as apostas esportivas online não tinham regulamentação. Em dezembro de 2023, a Lei 14.790 estabeleceu regras para apostas de quota fixa, permitindo que o usuário conheça a taxa de retorno no momento do jogo. A nova legislação exige que empresas e apostadores paguem tributos e define regras para a exploração do serviço. Para apostas virtuais e eventos esportivos, as empresas retêm 88% do faturamento bruto. Desses, 2% destinam-se à Contribuição para a Seguridade Social, e 10% são alocados em educação, saúde e segurança pública. As novas normas também exigem que as empresas tenham sede e administração no Brasil, além de medidas para combater crimes financeiros e problemas de vício em jogos. Mas, apesar do avanço na regulamentação, críticos alertam que o crescimento das apostas, impulsionado por publicidade online e eventos esportivos, tem contribuído para o endividamento das famílias e afetado a economia. Então, diante desse cenário, o governo federal anunciou que irá endurecer as regras relacionadas às apostas online. O objetivo é buscar mitigar os danos sociais e econômicos gerados por essa prática. A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) divulgou na última terça-feira (1º), uma lista de sites de apostas autorizados a operar no Brasil até o fim do ano. Essa lista, criada pela Portaria nº 1.475, inclui empresas que solicitaram autorização no Sistema de Gestão de Apostas (Sigap). Essas empresas demonstraram interesse em se adequar às novas regras da regulamentação. Com um setor em rápida expansão, é fundamental que o debate sobre as apostas online continue. É importante haver o equilíbrio entre a regulação e a proteção dos consumidores em um ambiente dinâmico e em constante mudança.